segunda-feira, 28 de julho de 2008

Lembranças do Moncada em tempos de globalização II

Quando o assunto é Cuba sempre surgem polêmicas e questionamentos, na verdade essa ilha de um pouco mais de 10 milhões de habitantes possui uma notoriedade bem acima daquilo que ela representa em termos de extensão geográfica e populacional.

Aposto que todos já discutiram (a favor ou contra) ou já presenciaram alguma discussão a respeito desse pequeno país, o fato curioso é que isso não ocorre em relação aos países vizinhos, que alías possuem as mesmas potencialidades de Cuba, tais como Porto Rico, Bahamas, Haiti, Rep. Dominicana, entre outros. Por que será que isso ocorre??

Na nossa interpretação Cuba possui essa capacidade ou essa "aura" de gerar polêmica justamente por ter feito escolhas em momentos cruciais da História e ter enfrentado a maior potência imperialista (o termo é adequado sim ) de todos os tempos, os Estados Unidos.

Portanto, apesar de despertar paixões em todo mundo, Cuba é estrangulada tanto do ponto de vista material (através do bloqueio comercial) quanto do ponto de vista ideológico, sendo alvo da maior campanha contra um país já feita na História do século XX feita pela industria de propaganda ideológica (vide Hollywood) dos EUA e pelos exilados cubanos em Miami, que alias é formada por grandes proprietários de terra da época de Fugêncio Batista constituindo-se assim num grupo de exilados reacionários e até facistas, tendo entre outros feitos, colocado Bush Júnior á frente da Casa Branca nas polêmicas eleições de 2000.

O fato é que, no nosso modo de entender, não podemos cobrar de Cuba uma certa normalidade democrática e institucional, sendo que esse país vive em estado de sítio desde a crise dos mísseis em 1961, sendo constatemente ameaçado pela força (em todos os sentidos) e boicotado nos fóruns internacionais por ter simplesmente ter escolhido seu próprio caminho.

Problemas existem é claro e Cuba possui muitos, porém essa pequena ilha têm um grande espaço no coração de milhões que sonham com um outro mundo possível, Cuba é sempre apaixonante pois além de possuir um povo acolhedor, representa o contraponto ao que está colocado hoje, principalmente nos últimos anos de "Globalização Perversa" onde o avanço técnologico cresceu, porém a pobreza, a exclusão e a miséria se multiplicou.

Cuba também representa de uma certa forma a resistência a competitividade destrutiva, ao individualismo banal e a lucratividade á qualquer custo do verdadeiro cassino que virou os chamado mercado financeiro global.

E é por isso mesmo que Cuba desperta tanto ódio, por justamente representar essa oposição ao concenso, de um país que apesar dos problemas, exporta milhares de médicos para prestar serviços em países de terceiro mundo, produz verdadeiros compeões mundiais (é bom lembrar que os mesmos só são assediados porque tiveram uma execpecional preparação esportiva no país como em nenhum outro do terceiro mundo), possui os melhores indicadores socias da América Latina e coloca o homem e suas imensas potencialidades como principal fonte de preocupação.


Sabemos também que essa ilha necessita de reformas econômicas visando superar suas dificuldades, porém isso só ocorrerá com sucesso, se o país buscar essas soluções sem abandonar as conquistas do socialismo (NÃO PRECISAMOS TER VERGONHA DE FALAR ISSO), buscando intercâmbio com vários países tais como a China, a Venezuela e até o Brasil, por que não? e não virando novamente uma colônia como querem os mafiosos exilados de Miami e os lacaios espalhados pelo terceiro mundo.

Com a palvara as nossas gerações de Cuba.

sábado, 26 de julho de 2008

Lembranças do Moncada em tempos de "Globalização" (parte I)

Lembranças do Moncada em tempos de “Globalização” (PARTE I)


Hoje é o dia mais importante do calendário nacional de Cuba, há exatamente 55 anos um grupo de guerrilheiros liderados por Fidel Castro tentaram, sem sucesso, assaltar o quartel de Moncada ao sul da Ilha dando inicio a um processo que culminou no primeiro de janeiro de 1959 com a derrubada do governo FANTOCHE de Fugêncio Batista.

Lembro-me como se fosse hoje do dia em que desembarquei em Havana próximo do natal de 1996, em pleno período especial daqueles difíceis anos na Ilha após a dissolução da antiga URSS, essa experiência ímpar no início foi estranha, pois desde a chegada ao aeroporto de Havana passando pelos passeios ao “Malecon” (não sei se é assim que escreve) ou mesmo por Havana Velha, a impressão era de que tudo parecia muito velho e desgastado desde os carros da década de 1950 as construções urbanas.

Confesso também o quanto foi “aventureira” a experiência de não ter itens como papel higiênico (usávamos jornal), de durmir numa cama onde se podia sentir as molas nas costas entre outros itens de “necessidade básica” .É importante esclarecer que ficamos hospedados na casa de cubanos, coisa que era permitida na época, sendo assim, posso dizer que minha experiência em Cuba foi, antes de mais nada, um aprendizado pessoal no sentido de conseguir enxergar a vida sob outros prismas que não a de um típico paulistano de classe média, ou seja, por mais que já soubesse que essa realidade é muito pior em muitos lugares do Brasil, fiquei “incomodado” com tais situações num país que sempre defendi e que sempre considerei como segunda pátria.

Essas situações nos colocam em xeque, hoje compreendo melhor o quanto fui babaca naqueles primeiros dias de viagem, a ponto de não entender a vida na sua complexidade e compreender o porque dessa situação em Cuba, além de não conseguir enxergar beleza além da vitrine de um shopping center, como muitas pessoas próximas que são míopes de realidade foram depois a Ilha e relataram coisas até “piores”.

É claro que o avanço tecnológico e material da humanidade é algo essencial para tornar a vida de todos melhor no sentido amplo da palavra, mas é necessário também perceber, que as variáveis da História e da Política é que nos levam a entender o abismo material entre poucos e muitos no mundo atual e não simplesmente um Karma espiritual ou coisa do gênero.

Conforme os dias foram passando comecei a observar e sentir algo que vai muito além de uma simples vitrine ou de uma fachada de Wall Mart da vida, algumas situações começaram a me fazer compreender Cuba na sua essência como, por exemplo, a garotinha da casa onde estávamos hospedados, que além de ser uma excelente pianista, nos brindou com uma bela “apresentação”, ou quando, por acaso encontrei uma adolescente na rua para pedir informações e ela me perguntou de onde eu era, quando soube que era do Brasil, a mesma demonstrou um enorme carinho (coisa comum em Cuba) e fez uma“breve” exposição sobre nosso país que muitos, mas muitos mesmo! aqui não saberiam esboçar, nas apresentações de balé clássico de graça aos domingos pela manhã ou até mesmo, nas conversas em ruas ou bares onde o “cubano comum” demonstrava uma enorme capacidade de compreender a realidade mundial, ficando evidente o enorme nível cultural da população.

Encerrando essa primeira parte gostaria de perguntar se essas situações descritas acima são vistas de forma extremamente corriqueira nas ruas da América Latina ou até do mundo inteiro num país de semelhantes condições materiais ou até superiores como o Brasil?

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Lembranças da amiga Lizzy e a quarta frota

A minha história começa lá pelos idos de 1996, em pleno 4 de julho, estava em Washington D.C., com uma amiga estadunidense que havia feito intercâmbio no início dos anos 1990 na USP, o fato é que lá pelas tantas começou uma discussão a respeito da guerra do Vietnã entre eu, ela e mais duas amigas dela, eu afirmando que a guerra se estendeu mais do que deveria (isso porque não quis dizer em pleno 4 de julho, que eles haviam “tomado pau” naquele país), a discussão terminou quando ela afirmou de forma categórica que eu tinha um rancor pessoal, pois havia sido humilhado no aeroporto de Atlanta quando me revistaram a ponto de me deixarem de cueca e porta dólar e que eu, ao expor esse ódio, a deixara muito magoada, sem contar que a partir daquele momento ela e as amigas falavam inglês mais rápido para que eu ficar de fora mesmo, me sentia um verdadeiro autista.

O nome dessa minha amiga é Lizzy Perry, ela é natural do estado de Winconsin e hoje está casada e mora em Michigan, pelo menos essa foi a ultima notícia que tive dela, ela foi uma grande amiga mesmo, passamos um ano maravilhoso aqui no Brasil, ela adorou tudo aqui desde a feijoada no bar do filé até os jogos do Coringão, pois se tornou fanática pelo time chegando a ir ao estádio sozinha em um raro jogo em que não pude comparecer, porém os atritos e divergências ficaram evidentes naquele 4 de julho, talvez pelo de termos visitado naquela manhã, o memorial da guerra do Vietnã onde o nome de todos os combatentes mortos estava presente num enorme mural e ela por coincidência achou o nome de um tio dela de Winconsin e ficou emocionada, sem ser insensível com o sentimento dela, eu só pensei ( mas não disse) que para cada nome no mural havia pelo menos de 15 a 2O vietnamitas mortos naquele confronto.


Naquele 4 de julho sinceramente me senti mau, pensei até antes de dormir que poderia antecipar minha volta, mas engoli a seco e no outro dia já estava “tudo bem”, o principal argumento dela é que os EUA foram defender a liberdade do Vietnã e que um país de tão pouca expressão no cenário internacional como o Brasil nem fazia idéia do que representava isso, ela tentava me convencer que o “o povo escolhido” tinha esse direito como estava está escrito desde o “Destino Manisfesto” e no roteiro de filmes como “Independence Day “, por outro lado, tentei afirmar que o contexto da Guerra do Vietnã estava contido na lógica da Guerra Fria e que jamais tinha tido rancor ou ódio em relação aos estadunidenses comuns e o que me causava raiva era a política externa dos EUA.


Esses dias lendo duas reportagens (nos jornais Lê Monde Diplomatique e Estadão) a respeito da reativação da quarta frota americana na América do Sul lembrei da minha amiga Lizzy Perry, se tivesse oportunidade, além de dar um enorme abraço nela e relembrar os tempos de arquibancada, poderia fazer algumas perguntas a ela:

1) Se os EUA defendem tanto liberdade, porque mandaram um porta aviões ao litoral brasileiro, preparado para desembarcar no porto de Santos, caso houvesse resistência ao golpe no dia 31 de março de 1964? Conforme revelou o jornalista Marcos Sá Correa em 1976.

2) Por que os EUA, através da CIA, patrocinou todos os golpes militares na América Latina durante os anos de 1960 e 1970, incluindo o golpe em cima do presidente democraticamente eleito Salvador Allende no Chile, instalando-se a mais cruel e assassina ditadura desse continente?

3) Por que os principais meios de comunicação dos EUA se pronunciaram favoravelmente ao golpe de três dias imposto ao presidente Chaves, igualmente democraticamente eleito na Venezuela?

4) Por que os EUA recentemente resolveram criar uma base militar no Paraguai? Será que é para combater as atividades do Al Quaeda na tríplice fronteira (Brasil, Paraguai e Argentina) como diz o pentágono? Ou será que é por causa da maior reserva de água subterrânea do mundo na região, o chamado Aqüífero Guarani?

5) Por que os EUA resolveram reativar a quarta frota militar com vistas à “proteção” da América do Sul? Já sei deve ser para combater os representantes do “eixo do mau” representado pelos “demônios” Chaves, Morales, Corrêa e Fidel Castro né amiga? Engraçado, mas tenho uma leve desconfiança que as reservas de petróleo da Venezuela ou as recém descobertas no litoral brasileiro (estimadas de 30 a 50 bilhões de barris), a grande biodiversidade da Amazônia e as grandes reservas de água podem estar relacionadas a isso.


Mas sinceramente acho que estou enganado e que tudo isso não passa de um rancor ou mesmo cisma minha pelo fato de ter sido “humilhado” em Atlanta ou pode ser como alunos “bem nutridos” que afirmavam sempre que eu sou “do contra”, realmente talvez seja isso mesmo.

terça-feira, 15 de julho de 2008


Esse novo blog que está nascendo hoje, é fruto de reflexões a respeito da importância do mesmo, no início acreditava que "essa coisa de blog" era destinado para adolescentes, substituindo assim as chamadas agendas "secretas", principalmente de garotas na faixa entre 12 e 16 anos, portando não seria algo lá muito apropriado para esse cidadão que vos escreve agora.

Porém após as eleições de 2006, confesso que de forma já tardia, começei a perceber que os chamados "blogs alternativos" representavam de forma de livre e democrática, uma alternativa, em termos de fonte de informação, ao chamado discurso único da mídia oficial.

Confesso que aprendi muito principalmente com os blogs dos jornalistas Luís Nassif, Bob Fernandes, Mino Carta, entre outros, que enfrentam o discurso pronto da "PORCA MÍDIA OFICIAL"Pretendo, nesse pequeno espaço, expor um pouco daquilo que estava restrito ao "universo" dos meus pensamentos, das minhas aulas e das conversas com amigos mais próximos.

Na verdade, prentendo sociabilizar minhas reflexões, angustias, alegrias e emoções a respeito dos assuntos que mais norteiam meus pensamentos.


Esse espaço é democrático, seja bem-vindo.


Gordo.