quinta-feira, 11 de setembro de 2008

O 11 DE SETEMBRO NO ALTIPLANO

Já ouvi dizer que a História se repete como caricatura e de fato ela vem se repetindo nesses confins latino-americanos, exatamente hoje faz 35 anos que a experiência democrática e socialista foi interrompida no Chile por uma ditadura cruel comandada por um covarde e repugnante (camundongo lacaio, como, aliás, existem muitos por essas bandas tupiniquins) ser chamado Augusto Pinochet numa conjuntura que envolveu a elite econômica do país, a chamada classe média chilena com suas respectivas forças políticas, no caso a democracia cristã e o partido nacionalista, além do apoio evidente da CIA naqueles anos de guerra fria.

O curioso é que o processo de radicalização das forças de direita no Chile chegou ao seu viés mais violento diante do desespero das mesmas, após a ampliação da base de sustentação da Unidade Popular –U.P. (base de apoio do governo Allende), durante as eleições municipais dois anos depois, em que a mesma U.P., conseguiu eleger Allende com 34% dos votos válidos.

Pois bem, os acontecimentos graves ocorridos esses dias na Bolívia promovidos pelos líderes opositores dos departamentos (leia-se províncias) de Santa Cruz, Pando, Tarija, Chuquiasca com depredação de gasodutos, podendo inclusive afetar o abastecimento do produto no Brasil e a invasão de prédios públicos por jovens brancos de classe média num evidente processo de sabotagem do governo Evo Morales, vêm a nos comprovar que realmente a História se repete como caricatura.

Estive na Bolívia em duas ocasiões, na primeira em 1998, passei alguns dias em La Paz e pude presenciar como esse país é importante no contexto latino-americano tanto por sua posição geográfica (não é a toa que Che Guevara resolve estabelecer uma guerrilha no país como foco de um epicentro revolucionário), como por ser um país de base cultural indígena riquíssima (Aymarás e Quéchuas) e de mazelas sociais típicas da nossa maiúscula América (termo utilizado por Fuser e Granado em suas andanças pelo continente latino americano).

Numa outra ocasião estive em Puerto Soarez na fronteira com Corumbá (MS) onde conheci uma família de classe média que destilava onde ódio aos índios do altiplano, principalmente Evo Morales ameaçando até deixar o país, numa evidente demonstração de rancor e racismo.

Baseado nessas experiências e leituras pude perceber, que a Bolívia hoje é um país dividido entre a população das “áreas mais baixas” como o Departamento de Santa Cruz onde boa parte da população é branca e de classe média e as “áreas altas” como os índios do altiplano andino.

Bastou a chegada ao poder de um líder das “áreas altas” com medidas visando reparar as injustiças históricas contra uma população pobre que nunca conseguiu se beneficiar das riquezas naturais extraídas do seu próprio país para que as mesmas forças que derrubaram Allende em 1973 começassem a agir da mesma forma, com os mesmos métodos e com o mesmo apoio externo. O curioso é que a mais recente vitória de Evo Morales no referendo ampliou sua base de apoio e causou desespero nos setores privilegiados da sociedade boliviana cogitando até na possibilidade de um viés separatista.

Sendo assim podemos dizer que o acerto advém, entre outras coisas, do conhecimento vivências passadas e através delas buscar não repetir os mesmos erros, portanto será necessária a mobilização das forças populares na Bolívia e dos governos latino americanos não comprometidos com o imperialismo para intervir rapidamente para que a História na nossa querida Bolívia não se repita como tragédia.

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Corinthians: A vitória do Povo.

Dia primeiro de setembro de 1910, há exatamente 98 anos, no bairro do bom retiro sob a luz dos lampiões quatro operários fundavam o Sport Club Corinthians Paulista, de origem humilde, esse clube entra como intruso em um esporte que até então era reservado a elite paulistana, nascia assim uma paixão que viria a provar, através da magia do futebol, que para o povo jamais existe uma derrota definitiva.

Primeiro clube a aceitar jogadores negros em seu elenco, o Corinthians já na sua segunda década de vida já despontava como a entidade esportiva mais popular de São Paulo, sendo assim, aos poucos foi abarcando mentes e corações daqueles que nunca obtiveram inserção na sociedade brasileira.

Em nossa sociedade o futebol possui uma simbologia muito forte, sendo um dos aspectos culturais mais representativos e tendo profunda penetração em todas as classes e raças; Nesse contexto, o Corinthians assume desde o seu início a marca de time do povo, dos renegados, dos negros, dos imigrantes pobres e dos operários, porém essa paixão ardente hoje abarca um espectro muito amplo atingindo a marca de quase de 30 milhões em todo país, sendo no jargão comercial, um das marcas mais fortes exploradas inclusive pela mídia televisiva.

Podemos dizer assim que a própria existência dos 98 anos de vida do Sport Club Corinthians Paulista é uma das provas definitivas de que o povo brasileiro é capaz de criar suas próprias referências e talvez por isso seja o motivo de tanto preconceito daqueles que afirmam que o nosso time é representado por maloqueiros, bandidos, desdentados, favelados, etc.

O que eles talvez nem percebam é que esse é o motivo do nosso maior orgulho, pois temos a consciência de que somos corintianos maloqueiros mesmo, de que somos o Brasil visto por dentro e que apesar de tudo somos vencedores independentemente das circunstâncias do futebol, ou quem sabe eles percebam isso e por isso destilam o seu ódio por não aceitarem essa vitória do povo em um país onde boa parte da elite ainda tem uma mentalidade escravocrata.