quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

A origens da cidade de São Paulo

Esse texto é uma homenagem ao historiador Caio Prado Júnior que escreveu um belíssimo estudo histórico e geográfico sobre a cidade de São Paulo em 1933.

São Paulo (CAPITAL) no início da sua colonização era uma região extremamente pobre do ponto de vista natural, principalmente no que está relacionado à qualidade de seu solo, porém hoje é o principal centro do capitalismo nacional com um amplo mosaico de culturas regionais e internacionais convivendo num curto espaço.

Por isso cabe a pergunta do porquê uma região de geografia física inóspita conseguiu tornar-se o principal pólo econômico da América Latina?

Caio Prado nos oferece excelentes pistas sobre a posição estratégica em termos geográficos da cidade de São Paulo.

A chamada Serra do Mar estende-se da Bahia ao sul do país numa faixa paralela ao oceano Atlântico dividindo a porção leste e meridional do nosso território em planícies litorâneas e áreas planálticas em direção ao interior do continente.

Na altura da latitude 24 na direção de São Vicente surge o primeiro centro de planalto da colônia num lugar onde ocorre um “estreitamento” da faixa litorânea sendo que a largura da planície praiana não ultrapassa 15 quilômetros, o que motivou os jesuítas ultrapassarem a “barreira” da serra do mar e instalarem-se no planalto onde o clima “temperado” era mais “agradável” aos moldes europeus e onde não existiam as condições insalubres do litoral “tropical”.

A pressão colonizadora em direção ao interior do país escolheu São Paulo como ponto de partida, pois era justamente esse local que oferecia maior facilidade de acesso pela serra do mar, ao contrario de outras áreas como próximas ao litoral norte de São Paulo onde a serra citada continha descidas abruptas e perigosas.

Assim sendo comparando-se as demais passagens da serra esse era o ponto ideal com apenas um abrupto a vencer e tendo depois um terreno plano de percurso fácil, não é por acaso que os próprios índios já haviam escolhido esse trajeto de penetração mesmo antes da colonização portuguesa.

A formação e desenvolvimento da atual cidade surgem na clareira natural da floresta que revestia o território paulista, ou seja, os Campos de Piratininga.

Além da clareira como obvio fator de facilidade de instalação humana, os Campos de Piratininga possuíam uma posição estratégica muito favorável em relação à ameaça de ataques externos, pois ocupa o alto de uma colina onde está exatamente hoje o chamado pátio do colégio sendo um divisor de águas entre o Tamanduateí e o Anhangabaú podendo-se observar dali qualquer movimentação mesmo que longínqua de um possível inimigo.

Por último há que se ressaltar São Paulo com seu relevo e sistema hidrográfico favorável tendo “corredores naturais” que impulsionaram e tornaram mais fácil o caminho da onda colonizadora em direção ao interior.

Em direção a leste o Vale do Paraíba, em direção ao nordeste o sul de Minas, em direção ao norte Jundiaí, Campinas e Ribeirão Preto, em direção a noroeste pelo rio Tiete, Piracicaba e Araraquara em direção a oeste, Sorocaba.

Portanto Caio Prado Junior, apesar de historiador faz uma excelente análise de como o espaço e a posição estratégica fizeram com que São Paulo se transformasse no principal “elo” de ligação entre o comércio externo via litoral e a colonização do interior do nosso país.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Consumismo infantil

Chegando próxima a data do Natal, aonde milhares de pais e mães irão freneticamente às compras para satisfazer os desejos “encomendados” pelos seus filhos podemos refletir a respeito de uma questão extremamente delicada e complexa que é a do marketing direcionado ao público infantil.

A publicidade possui dois objetivos básicos:

a) Informar que tal produto ou serviço existe com tais qualidades;
b) Convencer o virtual consumidor a adquiri-lo.


Na minha percepção a grande maioria das propagandas estão focadas no segundo objetivo, valendo-se de todo tipo de artifício subjetivo e idílico com a promessa fantástica de felicidade, longevidade, sexualidade, potencialidade, etc embutido por exemplo numa propaganda de carro sem nada falar muitas vezes das próprias qualidades do veículo.

Cabe nos perguntar se nós adultos mesmo tendo recursos intelectuais afetivos e psíquicos não conseguimos “resistir” a sedução das peças publicitárias imagine as crianças que são bombardeadas por uma publicidade específica e extremamente eficaz.

Podemos dizer que existe um verdadeiro “bombardeio simbólico” que adentra as defesas psíquicas das crianças para convencê-las a comprar compulsivamente, porém cabe perguntar se as mesmas possuem condições para estabelecer dentro de suas cabecinhas a relação exata entre consumo e trabalho? Ou mesmo estabelecer parâmetros entre necessidade, desejo e supérfluo?

Lembro-me até hoje quando ganhei um boneco “Falcom” e recordo-me tão bem da minha imensa decepção quando percebi que o mesmo não voava como na televisão, meus pais, que na época deviam ter pago uma boa quantia, devem ter ficado decepcionados pois depois de 10 minutos lá estava eu brincando novamente com meu futebol de botão

Há no Brasil uma proposta de parâmetros curriculares nacionais que propõe estabelecer desde o ensino fundamental o tema “Trabalho e consumo”, para mim um bom começo, pois nossos jovens estão definitivamente contaminados pela “fábula” do sucesso e da aceitação através de alguns objetos de consumo, todos sabem também que entre outros motivos a delinqüência juvenil está relacionada ao abismo existente entre desejo de consumo e a real possibilidade de adquiri-los para sermos “felizes de verdade”.

Por isso acredito fielmente, baseado na minha experiência de 10 anos de magistério, lidando com adolescentes e jovens, que esse problema deve ser encarado, pois percebo uma degradação (não digo em todos) de seus valores morais e intelectuais, pois tudo para muitos não passa de um simples consumir rápido e não um processo; Isso ficou bem claro pra mim na minha experiência como professor de curso pré-vestibular onde por mais que o assunto fosse interessante e importante sempre vinha àquela pergunta que doía na alma, mas professor isso vai cair no vestibular?

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Hoje faz um ano, apenas para corintiano(a)s.

Exatamente há 365 dias nós (corintianos) vivemos o dia mais amargo da nossa História, lembro que como se fosse há cinco minutos atrás eu sentado no sofá de casa gélido, parado, triste, amargurado e terrivelmente frustrado e revoltado com o que via diante dos meus olhos, sim o Corinthians pela primeira vez em seus 98 anos de História estava rebaixado para a segunda divisão, isso sem contar o barulho que nossos adversários fizeram pelas ruas, parecia até final de copa de mundo, todos os corintianos como eu passaram por essa terrível experiência e devem ter bem vivo esse momento na memória.

Acredito que certos fatos não podem ser esquecidos, pois primeiro nos servem de exemplo e por outro lado nos dão força para que aprendamos as lições e possamos dar saltos maiores em direção a um futuro mais promissor.

O fato ocorrido há um ano foi na verdade a crônica de uma tragédia anunciada, pois era do conhecimento até das pedras do reino mineral que a administração corrupta de Alberto Dualib somada há uma parceria mafiosa (no sentido literal do termo), iriam desembocar inevitavelmente em “papagaios” (vide Nilmar e Passarela), dívidas e na inevitável queda para série B.

Passado um ano, não quero me atentar a recuperação do clube e no apoio da fiel torcida que deu mais uma vez prova do seu amor incondicional, isso na verdade era mais do que previsível, pois conheço essa simbiose (clube-torcida) há 30 anos, modéstia à parte, apesar disso, reconheço, senti uma grande emoção no dia do jogo do Ceará quando os jogadores correram em direção da fiel, senti naquele momento que nossa dignidade estava resgatada e que o Corinthians mais uma vez ressurgiu das cinzas.

Entretanto acredito que isso é muito pouco para o clube que tem uma das maiores torcidas do planeta, precisamos usar o dia 02 de Dezembro para projetar nosso futuro, pois convenhamos, nosso passado nunca esteve a altura da grandeza da nossa fidelidade, analisando a História do SCCP temos apenas dois períodos gloriosos, o primeiro de 1910 a 1954 onde éramos o maior “papa títulos” da época e no curto período de 1998 a 2000.

Exceto os dois momentos citados, nos contentamos em ser o “time de raça” que, aliás, sempre foi usado politicamente por aqueles que usurparam o poder no Corinthians durante décadas, na minha modesta opinião somos o time da garra sim, porém NUNCA estivemos a altura do que merecemos.

Por isso é necessário projetar o Corinthians além de rivalidades regionais, sem perder é claro sua identidade, e que possamos ser aquilo que realmente merecemos ser, um time de projeção nacional e mundial.