sábado, 18 de outubro de 2008

Neoliberalismo: Que Deus te leve ou o diabo que te carregue?

Por volta da década 1980, nascia o neoliberalismo, fruto da união entre o clima político criado pela crise do regime socialista na antiga URSS e seus aliados, a sobra de capitais do chamado “Euromercado” resultantes da super acumulação de lucros nos países centrais e dos árabes da OPEP, além do abandono do padrão dólar feito de forma unilateral pelos Estados Unidos rasgando o acordo de Breton Woods pós-segunda guerra mundial.

O neoliberalismo sempre foi uma criança mimada e egoísta, papai Ronald Reegan e mamãe Thatcher sempre alimentaram o bebe com quantias vultuosas advindas da redução dos gastos do estado e do maior ataque da História aos benefícios sociais até nos chamados países da Europa Ocidental onde o chamado “Estado de bem estar social” era muito presente, Aliás, nada deixava essa abastada criança mais irritada do que a palavra Estado

Porém a fome desse adolescente nos anos 1990 era algo inacreditável, não bastava apenas às elevadíssimas taxas de lucro possíveis agora através das rápidas transações via tecnologias da informação, ele precisava da chamada desregulamentação dos chamados mercados financeiros e da abertura desenfreada na economia dos países subdesenvolvidos através das privatizações e do comércio livre.

Essa volúpia por lucros cada vez maiores criou uma espécie de mercado virtual que foi chamado por Milton Santos de “Dinheiro em estado puro”, provocando efeitos colaterais terríveis em países periféricos na Ásia e América Latina nos anos de 1997, 1999 e 2000.

A sede desse jovem aumentou ainda mais nos anos 2000 quando foi fortalecido um verdadeiro cassino em torno de um dinheiro irreal que transita pelo mundo sem qualquer regulação (hedge funds, derivativos, mercado de ações e câmbio), isso acabou gerando uma situação completamente surreal no chamado mercado de derivativos que gira um valor em torno de U$ 540 trilhões, ALGO INACREDITÁVEL, já que o PIB do país mais rico do mundo gira em torno de U$ 13 trilhões.

Esse garoto acabou quebrando literalmente a “cara” em Wall Street na maior crise financeira desde o crash de 1929, fruto do excesso de ambição e da total falta de regulamentação para saciar seus desejos, agora que ele está praticamente entre a vida e a morte na UTI, depois de tantas overdoses, ele pede ajuda desesperadamente da sua mãe natural e não a adotiva, isto é, a MÃEZONA ESTADO, que irá oferecer um pacote de U$ 700 bilhões de ajuda fora os U$ 250 BILHÕES a serem investidos no mercado de ações (Detalhe: o montante necessário para erradicar a miséria no mundo é de U$150 BILHÕES ao ano).

Durante essas décadas o neoliberalismo mandou e desmandou, ditou as regras da mídia, considerou como “coisas desprezíveis” emprego, garantias sociais, saúde e educação universal, etc; Agora ele está coitadindo com os seus dias contados e pede ajuda ao divino, sinceramente falando? QUE O DIABO QUE TE CARREGUE SEU MOLEQUE!!!!!!!

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

O "ESPÍRITO" DA ELEIÇÃO"

Como Kassab ultrapassou Marta em São Paulo
O jornalista Mauro Carrara escreve sobre uma reveladora experiência de rua no domingo da eleição na maior cidade do país. "Já são 18h20... Alguém grita do interior da casa: "o Kassab está ganhando". Os três jovens urram de prazer. Está se iniciando a longa noite até o segundo turno".
Mauro Carrara*
Conforme costume antigo, costumo visitar velhos amigos em dias de eleição. Perambulo pela cidade à procura do "espírito" da eleição, pois, sim, cada uma tem o seu, das barbadas aos prélios mais renhidos.Desde cedo, notei certa tendência de defecção nos redutos "progressistas". Havia nos fundos do Tucuruvi um jovem negro, em trajes de grife surfe, distribuindo discretamente santinhos de Kassab. Vejam bem, ele não fazia campanha para um candidato à vereança, mas para o majoritário. Só.O rapaz é estudante do terceiro ano do segundo grau, comprou recentemente seu primeiro computador, a crédito. O pai é vigia (conseguiu carteira assinada há três anos) e a mãe é diarista. Ele atualmente não trabalha regularmente. Nos fins de semana, atua como assistente de som em bailes na região dos Jardins. É o típico emergente da nova classe C.João (vamos chamá-lo assim) afirma que o governo Lula "acostuma mal os vagabundos" com o Bolsa Família. A mãe sempre votou em Marta, mas o pai costuma odiar qualquer petista. "Meu velho não quer saber do casamento gay em São Paulo, nem eu", sentencia, alisando a sobrancelha. Mais tarde, encontro-me na região do Jardim Aricanduva, na Zona Leste. Márcia (vamos chamá-la assim) come uma coxinha num bar próximo a uma escola estadual. Vai votar em seguida.Tem uma colinha de Kassab (DEM) e de um candidato a vereador do PSDB.- Vai votar em quem?- Dessa vez é no Kassab - revela a moça, que graças ao crescimento da renda familiar (ela e dois irmão conseguiram emprego nos últimos três anos) pôde matricular-se numa faculdade privada.- Por que nele? - É o menos pior...- E pra vereador?- Voto é segredo. Mas vai ser no PSDB. Um amigo da faculdade me indicou. É um cara que escreveu vários livros de auto-ajuda.- É o Chalita (ex-secretário estadual de educação)?- A gente precisa de pessoas cultas na Câmara. Esse aí é o melhor escritor do Brasil.- O que você já leu dele?- Ainda não li, porque não tenho tempo. Mas esse meu amigo diz que é muito bom.- A Marta era mais forte por aqui, não era?- Era, mas ela fez o apagão aéreo e mandou o povo gozar depois do estupro. Tem como uma pessoa passar uma hora, uma hora e meia, esperando o avião?- Como?- O povo ficar horas esperando o avião...- É chato mesmo - respondo. - Mas você já viajou de avião? - indago.- Nunca. O mais longe que fui na vida foi para Mongaguá (litoral sul).- Entendo. E o trânsito em São Paulo?- Péssimo. Entre metrô e ônibus, fico umas 4 horas e meia no transporte, todo dia. Não anda.- E de quem é a culpa?- Sei lá... Tem muito carro na rua. Precisava fazer alguma coisa.- E você não acha que o Kassab tem alguma responsabilidade nisso?- (silêncio)... Não sei. Não parei para pensar.- Isso afeta sua vida, não?- Muito, mas a gente tem que lidar com isso...Quase cinco da tarde, na região dos Jardins. O filho de um amigo chega da votação com três colegas. O rapaz é o único que votou em Marta Suplicy. Dos colegas, dois preferiram Kassab. O outro votou em Geraldo Alckmin.- Na verdade, eu e toda minha família somos malufistas, mas o Kassab é o único que pode ganhar dessa "vaca" da Martaxa - diz Paulo (vamos chamá-lo assim), exaltado.- Sim, as taxas devem ter prejudicado muito sua família... - pondero.- Meu pai fez a empresa dele sem ajuda de ninguém. A gente tá cansado de pagar os impostos que o PT inventou. Cada dia tem um imposto novo.- Que imposto novo?- Vários. - Mas quais?- Vários. Tudo para sustentar vagabundo nordestino. E olha que eu não sou nem um pouco racista. Tenho até amigo japonês, negro, de todo tipo. Mas com esse negócio de bolsa, o cara se acostuma a não trabalhar e fica tomando cachaça o dia inteiro. É preciso ensinar o cidadão a pescar, e não dar o peixe.- Mas o Bolsa Família está integrado a vários projetos de promoção e inclusão. Tem a contrapartida educativa... - tento argumentar, quando sou interrompido.- Tem nada. Isso aí é coisa da mídia que o Lula comprou.- Mas a mídia costuma ser contra o presidente - afirmo.- Nada disso. O senhor viaja muito, pelo que eu sei, não é? Aqui, eles inventam pesquisa para dizer que a vida do povão melhorou. Melhorou nada.- Mas e os dados do Ipea, do IBGE?- Eu estudo Administração. Isso é tudo mentira.- Quer dizer que o país não melhorou em nada?- Esse semi-analfabeto deu sorte. Aproveitou o Plano Real e o crescimento da China... Agora, quero ver. Estou só esperando para ver o que vai acontecer. E vou dar risada.- Mas o país não estava muito bem em 2002 - intervenho.- O PT é o "partidão", não é?- Não que eu saiba - respondo.- É sim... Eu abri os olhos de muito colega sobre esse comunismo disfarçado aí... Nessa eleição, eu convenci muito petista a votar no Kassab.- Quem?- O nosso motorista, o jardineiro que vai lá em casa...Já são 18h20... Alguém grita do interior da casa: "o Kassab está ganhando". Os três jovens urram de prazer. Está se iniciando a longa noite até o segundo turno.

domingo, 5 de outubro de 2008

32 mais 32 igual a 64

A cidade de São Paulo é uma espécie de pequena amostra da formação social do nosso país, aqui se reúnem cidadãos de todas a s partes do país e do mundo em busca de oportunidades, talvez o que traduza a identidade dessa cidade seja justamente esse mosaico plural de etnias.

Entretanto na minha cidade natal surgiu e proliferou a elite mais reacionária e anti-nacionalista presente em nosso Brasil, algumas interpretações tentam elucidar o fenômeno, como por exemplo, a formação de uma elite comerciante no século XIX durante as exportações de café muito mais interessada e antenada ao comércio com os ingleses e o consumo opulento nos padrões europeus do que num desenvolvimento endógeno

Outra interpretação está relacionada aos imigrantes que vieram a esse rincão e prosperaram no período de grande crescimento econômico e industrial entre as décadas de 1930 e 1980 transformando-os em pequenos “self-made-mans”, isto é, uma classe média pequena proprietária e orgulhosa dos seus “feitos” e avessa a qualquer mudança social ou causa coletiva.

Uma análise histórica dos momentos cruciais da vida política nacional nos remete a entender de forma emblemática o comportamento desses setores da sociedade paulistana como o próprio movimento de 1932, apesar de ser aparentemente um movimento democrático, tinha um caráter saudosista em relação à política oligárquica da velha república do café com leite, o curioso nesse caso é que a revolução varguista de 1930 teve um caráter altamente modernizador do qual impulsionou a própria economia paulista.

Outro momento emblemático foi o golpe de 1964, um dos episódios mais tristes da história do nosso país, onde nunca é demais lembrar, teve seu respaldo e impulso final quando nobres senhoras católicas realizaram a passeata “Deus e a família pela liberdade” liderada por Leonor, primeira dama do governo do Estado, além é claro do forte apoio do jornal O Estado de São Paulo a marcha que acelerou o processo que culminou na “revolução” de 31 de março.

Em 1989, lembro como se fosse hoje do apoio entusiasmado a Fernando Collor, iniciando o processo de domínio do mercado financeiro nas decisões nacionais, contando obviamente com o deslumbre da elite e classe média de São Paulo, talvez o que esses setores médios nem desconfiam é que eles foram vítimas desse processo de desnacionalização da economia nacional.

Também nunca é demais lembrar que esse caldo sócio cultural criou alguns fenômenos políticos como o Adhemarismo, Janismo e mais recentemente o Malufismo.

Outro detalhe a ser lembrado é postura elitista da própria Universidade de São Paulo que entre outras “obras” renegou o passado varguista criando a idéia de populismo, além de ter sido parte do berço do PSDB e a “banda podre” do próprio PT.

Agora em 2008, os mesmos estão “ouriçados” com Kassab, também pudera eles estão com os nervos a flor da pele com alta popularidade do presidente Lula!

Enfim essa é minha cidade e minha realidade. Quem sabe eu tenha mais sorte na próxima encarnação?